quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

TEXTOS DE CARÁTER BIOGRÁFICO / AUTOBIOGRÁFICO


A escrita intimista e autobiográfica pode concretizar-se, entre outros, através de memórias, diários, autobiografias, cartas e até mesmo textos poéticos. De referir que a delimitação entre os três primeiros géneros citados nem sempre é nítida, o que muitas vezes gera dúvidas relativamente à classificação literária de determinados textos do género.

Na realidade, os géneros literários intimistas pressupõem um discurso virado para o eu(presente ou subentendido), predominando, por isso, formas verbais, pronomes e determinantes na primeira pessoa, bem como uma linguagem conotativa, subjectiva eemotiva.

Neste tipo de textos, o eu evoca experiências marcantes momentos, etapas, iniciativas da sua vida pessoal/profissional, a sua relação com quem/o que o rodeia, transmitindo simultaneamente assensações, sentimentos, emoções que essas vivências lhe despertaram.

Temáticas presentes nos textos autobiográficos:



  • Percursos/etapas/momentos de vida particular.
  • Relação consigo próprio/com os outros.
  • Recordação de vivências marcantes.
  • Atitudes e comportamentos.
  • Iniciativas/escolhas pessoais.
  • Experiências e suas consequências.
  • Individualidade/identidade.
  • Sentimentos/emoções.
  • Reflexão/meditação.
  • Conflitos/busca de paz interior.
  • Introspeção.
  • Perceções/sensações/captação através dos sentidos.

Ao nível da expressão, o discurso autobiográfico caracteriza-se por:


  • discurso na 1.ª pessoa;
  • predomínio do eu (presente ou subentendido);
  • formas verbais na 1.ª pessoa;
  • presença de pronomes pessoais (forma de sujeito e de complemento):
  • presença de determinantes e de pronomes possessivos (meu/minha …);
  • privilégio de linguagem conotativa e emotiva;
  • uso de nomes abstratos, adjetivação expressiva; verbos do domínio do “ser” (definição/permanência) e do “estar” (caracterização do momento);
  • pontuação sugestiva;
  • frases do tipo exclamativo e interrogativo;
  • utilização de recursos estilísticos.

    Relativamente ao texto autobiográfico, distinguem-se várias tipologias textuais:



Carta:

A carta possui uma vertente literária, sempre que trata temas profundos e complexos e se registam preocupações ao nível estético e da linguagem. Neste caso, trata-se do gênero epistolar.

Contudo, o mais frequente é situar-se entre a língua corrente e familiar, sendo o discurso predominantemente de primeira 



pessoa, com marcas de subjectividade e emotividade do emissor.

 Diário:


    O Diário é um dos géneros da literatura autobiográfica. O estatuto do diário é a confidência, assim o gesto diarístico decorre da necessidade de comunicação do eu consigo mesmo ou com os outros.

Marcas características


  • Datação;
  • Dêiticos;
  • Dados factualmente verificáveis;
  • Registro de língua familiar;
  • Confidências.
  • Desfasamento entre as datas dos excertos (não é obrigatória a existência de um registro diário);
  • Ordem cronológica das notas;
  • Caráter fragmentário (não há, necessariamente, um encadeamento lógico entre os registros);
  • Leitura descontínua (a leitura do registro de um determinado dia não obriga à leitura dos registros anteriores, sem que a compreensão fique forçosamente prejudicada com isso).

Género memorialístico:


As memórias pertencem a um gênero literário narrativo, cujo autor relembra acontecimentos passados e experiências vividas, transmite as suas emoções/sentimentos e apresenta simultaneamente realidades sociais, humanas e políticas. Daí que, não raro, surjam citações a pessoas ilustres e momentos históricos marcantes.

A narrativa memorialista tem um fundo histórico-cultural, sujeito embora à filtragem subjetiva de quem a produz.




  • Papel da memória (os acontecimentos são passados pelo crivo da lembrança. Esta, por vezes, necessita de ajudas: os memorialistas socorrem-se de documentação diversa, como o diário íntimo, as cartas, os jornais,...);

  • Escrita sobre si mesmo (“retrato de uma voz”);
  • Relevância do acontecimento narrado;
  • Fundo histórico-cultural (testemunho dum tempo e dum meio, somando ao relato de casos pessoais e familiares o de acontecimentos históricos e políticos);
  • Valor documental do texto (o memorialista presta um serviço aos vindouros, legando-lhes um testemunho)

 Biografia:




    É um documento escrito que conta a vida de uma determinada personalidade, respeitando a ordem cronológica.

    Na biografia devem constar datas, lugares, pessoas, acontecimentos marcantes da vida dessa personalidade.
    A biografia é redigida na terceira pessoa e pode apresentar-se, quer como um relato meramente informativo, quer como uma narrativa em que se evidenciem e valorizem aspetos marcantes do percurso do biografado.
    A biografia, conforme, por exemplo, o fim a que se destina, pode ter formas muito distintas que vão da simples nota biográfica ao livro.

 Autobiografia:




     A Autobiografia visa retratar a vida de uma pessoa, mas, neste caso, autor, narrador e personagem identificam-se, na medida que é o próprio quem narra a sua experiência vivencial.

    Trata-se de um discurso de primeira pessoa, pelo que assume um carácter subjetivo. O relato autobiográfico tem, em geral, um carácter mais expressivo do que informativo.
    A partir da memória, o autor recria vivências passadas, direta ou indiretamente relacionadas com a sua própria vida, podendo modificar a narração cronológica dos acontecimentos.

  As marcas linguísticas da autobiografia


  • formas verbais na 1.ª pessoa;
  • marcas de 1.ª pessoa nos pronomes pessoais e nos determinantes possessivos;
  • explicitação das coordenadas de enunciação (determinação das características do momento em que se escreve);
  • verbos epistémicos (acharacreditarcalcularconsiderarpensar,-suporreconhecer...),
  • verbos avaliativos (detestargostarlamentarsuportartolerar...),
  • verbos percetivos (ouvirsentirver...),
  • verbos volitivos (desejaresperarquerertencionar...),
  • verbos de rememoração (recordar-selembrar-se...);
  • projeção das ações num intervalo temporal lato;
  • conectores de ordenação temporal.
Outros recursos expressivos que contribuem para a subjetividade dos textos autobiográficos: a adjetivação, as repetições, as figuras de estilo, as interjeições e os sinais de pontuação como, por exemplo, os pontos de exclamação e as reticências.

 Diferenças entre a autobiografia e a biografia:


Autobiografia

- Texto predominantemente expressivo e subjetivo.
- Texto que acentua o percurso existencial do autor.
- Texto onde a ordem cronológica dos factos narrados pode não ser respeitada.
-  Texto predominantemente narrado na 1ª pessoa.

Biografia
- Texto predominantemente informativo e objetivo.
- Texto que acentua o percurso de vida do autor.
- Texto onde a ordem cronológica dos factos narrados é respeitada.
- Texto onde consta a data dos factos narrados.


Retrato  / Autorretrato


    O retrato é, muitas vezes, uma criação ficcional com função crítica, estética e poética.

    Pode partir dum referente real, mais ou menos fiel, dando, muitas vezes, lugar à denúncia das limitações de uma visão redutora – a caricatura.

    No autorretrato encontramos um eu que se olha, que se descobre no espelho de Narciso e que se apresenta a si próprio. O autorretrato é, pois, o retrato de uma pessoa feito por ela própria.


    Na elaboração de um retrato ou autorretrato, enquanto produção literária, dever-se-ão salientar:
- traços importantes do aspeto físico (aparência, estatura, tamanho, modo de andar, cabelos, tom de pele, rosto, olhos, nariz, boca, vestuário…);
- qualidades psicológicas (personalidade, comportamento…);
- características sociais (meio ambiente, profissão, hábitos…).

Fonte: http://letrasemarmamar.blogspot.com.br/p/textos-de-carater-biografico_23.html; acesso em 17.02.2016.

Gêneros Textuais

Os textos que circulam socialmente são classificados em gêneros de acordo com as características que apresentam (formato, assunto, destinatário, função, intencionalidade...). Existe uma diversidade de gêneros textuais. Eis alguns exemplos: e-mail, blog, crônica, artigo de opinião, carta pessoal, bilhete, manual de instrução, biografia, receita culinária dissertação escolar, resenha, fábula, conto, história em quadrinhos (tirinha), etc.
Tipos Textuais (Sequências Tipológicas ou Discursivas)

Dá-se o nome de sequências tipológicas ou discursivas às formas de organização das estruturas lingüísticas internas do texto oral ou escrito de acordo com sua função e intencionalidade. Assim cada forma de organização textual é marcada por determinadas características linguísticas, como a predominância de certas estruturas sintáticas, classe gramaticais, tempos e modos verbais, expressões, relações lógicas, etc. Dependendo dessas características temos diferentes tipos textuais: narrativo, descritivo, expositivo ou explicativo, argumentativo, conversacional ou dialogal, instrucional ou injuntivo e preditivo.Um gênero textual pode estruturar-se com base em uma ou mais de uma sequência discursiva, entretanto, geralmente uma delas é predominante.

Características das sequências discursivas e alguns exemplos de gêneros em que elas costumam predominar

Sequências Discursiva Narrativa
Definição/Características:
· Conta algo, apresenta os fatos e as ações dos personagens dentro de uma lógica espaço-temporal.
· Há uma relação de anterioridade e posterioridade entre os fatos narrados e, frequentemente, esses fatos mantêm entre si uma relação de causa e efeito.
· Predominância de verbos de ação;
· Presença de circunstâncias espaço-temporais;
· Foco no fato e na ação;
Gêneros em que predominam:
· Fábula;
· Conto;
· Crônica;
· Novela;
· Romance;
· Depoimento;
· Piada;
· Relato, etc.



Sequências Discursiva Descritiva
Definição/Características:
· Caracteriza com atributos; diz como é o objeto a ser descrito, de modo que o leitor o visualize em virtude dos detalhes apresentados.
· Foco no ser;
· Predominância de verbos de estado, adjetivos e circunstancias espaciais.
Gêneros em que predominam:
· Relato de experiências vividas;
· Resenha;
· Reportagem;
· Anúncio classificado;
· Cardápio;
· Lista de compras;
· Folheto turístico, etc.



Sequências Discursiva Expositiva ou explicativa
Definição/Características:
· Apresenta um saber já construído e legitimado socialmente ou um saber teórico.
· Conceitua e transmite informações de modo objetivo.
· A intenção é esclarecer, informar.
Gêneros em que predominam:
· Textos de divulgação científica, de manuais, de revistas especializadas, de cadernos de jornais, de livros didáticos, de verbetes de dicionários e enciclopédias;
· Resumo;
· Carta pessoal.


Sequências Discursiva Argumentativa
Definição/Características:
· Faz a defesa de um ponto de vista, de uma ideia, ou se questiona um fato de forma a persuadir, ou seja, convencer o leitor ou ouvinte.
· Caracteriza-se pela progressão lógica de ideias e requer uma linguagem mais sóbria, objetiva, denotativa.
Gêneros em que predominam:
· Sermão
· Ensaio
· Editorial de Jornal ou revista
· Crítica
· Manifesto
· Monografia
· Tese de mestrado
· Redação dissertativa
· Carta argumentativa
· Blog
· Artigo de opinião


Sequências Discursiva Conversacional
Definição/Características:
· Estabelece diálogo entre os interlocutores.
Gêneros em que predominam:
· Entrevista
· Seminário;
· Peças teatrais;
· Conversa telefônica;
· MSN, Chat, etc.



Sequências Discursiva Instrucional ou Injuntivo
Definição/Características:· Direciona, orienta o leitor e o instrui sobre como fazer algo.
· A marca fundamental é o verbo no imperativo ou outras formas que indicam ordem, orientação.

OBS: injuntivo é sinônimo de “obrigatório”, “imperativo”
Gêneros em que predominam:
· Receita culinária (modo de fazer);
· Manual de instruções de um aparelho;
· Receita médica;
· Bula de remédio;
· Livro de autoajuda;
· Propaganda;
· Horóscopo.


Sequências Discursiva Preditivo
Definição/Características:· Como o próprio nome indica, caracteriza-se por predizer alguma coisa ou levar o interlocutor a crer em alguma coisa, que ainda está por ocorrer.
· Uso de tempos verbais no futuro
Gêneros em que predominam:
· Previsões astrológicas;
· Horóscopo;
· Previsões meteorológicas.

Suporte Textual

Chamamos de suportes textuais os espaços físicos e materiais onde estão grafados os gêneros textuais. Ex.: O Livro, o jornal, o computador, o cartaz, o folder, o outdoor, etc.
Numa concepção ampla de texto, sob o ponto de vista da semiótica, a televisão, o cinema, o rádio também podem ser considerados como suportes textuais.


Fonte: http://mestreeaprendiz.blogspot.com.br/2010/02/generos-textuais.html, acesso em 17.02.2016